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É tempo de aspargos na Alemanha

19 Jun

Adoro o valor que as pessoas dão para a sazonalidade na Europa. O verão se aproxima e os mercados e barracas espalhadas pelas ruas alemãs exibem morangos bem vermelhos, cerejas graúdas e vistosos aspargos frescos, que chamam a atenção por serem impressionantemente grossos.

Em casa, todo alemão que se preze tem um descascador específico para o vegetal. O produto também figura nos restaurantes, que incluem em seus cardápios pratos exclusivos desta época do ano, muitas vezes anunciados na porta com os dizeres “Frischer Spargel” (“aspargo fresco”).

Um dos pratos simples e tradicionais dos menus e também das donas de casa são aspargos cozidos (apesar de o gosto dos frescos ser muito melhor, no Brasil, você pode fazer com os em conserva) com molho holandês – à base de manteiga e gema –, batatas ou Pfannkuchen (panquecas) e presunto – geralmente um curado, como o Schwarzwälder. No livro Spargel, a autora Cornelia Schinharl também sugere o San Daniele italiano ou o Serrano espanhol.

Na combinação, também vai bem um bom presunto cozido, como o do prato da foto acima, que comi no ano passado, na Stadtfest de Mannheim. É uma espécie de feira da cidade, com palcos musicais e barracas de comida e cerveja, é claro.

A festa de Mannheim, no estado de Baden-Württemberg, acontece sempre em maio, mesmo mês em cujo primeiro sábado realiza-se a Spargelfest, na vizinha cidade de Schwetzingen. Trata-se de um festival com música, dança e desfiles em homenagem ao Königliche Gemüse (vegetal real), que antigamente era comido exclusivamente pelo rei.

A Spargelfest marca o auge da temporada de aspargos, que vai de abril a junho, período em que, de acordo com o livro Food Journeys of a Lifetime, da National Geographic, cerca de 70 mil toneladas da iguaria são devoradas. As maiores regiões produtoras são Baden-Württemberg e a Baixa Saxônia. Mas Schwetzingen se auto proclama “a capital mundial do aspargo”. E com razão.

Foi ali, na cidade que hoje tem pouco mais de 20 mil habitantes, que começou a mania dos aspargos brancos – mais doces que os verdes, cultivados em solos arenosos e protegidos da luz solar. No século XVII, Schwetzingen abrigava a residência de verão do príncipe-eleitor Karl Theodor, “conhecido como o primeiro a cultivar o vegetal no solo leve e arenoso dos jardins de seu palácio”, segundo o livro da National Geographic.

Para cozinhar aspargos brancos, uma dica é amarrá-los, já descascados, em um feixe e colocá-los de pé em uma panela funda com água salgada cobrindo cerca de três quartos dos talos. Então, basta fervê-los por 10 a 20 minutos.

A temporada de aspargos alemã acaba tradicionalmente no dia 24 de junho, o Johannistag (Dia de São João), quando os últimos talos são vendidos. Leve e excelente quando harmonizado com vinho branco, esse delicado vegetal é versátil, podendo ser utilizado em saladas, sopas, risotos e inúmeras outras receitas. Além disso, é pouco calórico e contém vitaminas C, E, A e algumas do complexo B, além dos minerais cálcio, fósforo e magnésio.

Confira algumas receitas com aspargos:

Jamie Oliver: Aspargos brancos com hortelã e manteiga de limão
Nigella: Tagliatelle com presunto e aspargos
Panelinha: Creme de aspargos frescos