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Crumble, crumble, crumble!

12 Ago

Dizem que a culinária britânica não é grande coisa, mas se considerada apenas uma de suas especialidades, é preciso reconhecer que ela tem valor sim. E que valor! Quentinho, crocante, suculento, doce e azedo na medida certa. Foi assim que o crumble me conquistou. E já virou a sobremesa favorita aqui em casa.

De maçã com morango, de banana com morango, de morango com maçã, de banana com pêssego ou só de maçã – todas as variações testadas ficaram divinas! Ainda falta preparar um crumble de ruibarbo, que já experimentei e aprovei na Queen of Tarts, em Dublin.

Segundo a revista alemã Essen & Trinken, o crumble nasceu na Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial. Farinha, açúcar e manteiga eram escassas durante o conflito, e, por isso, surgiu a ideia de abandonar a base da torta e a massa do bolo e cobrir a fruta quente apenas com uma farofa.

A receita da minha farofa foi ensinada pela minha avó gaúcha, especialista nos pedacinhos crocantes que cobrem suas cucas. Além de manteiga, farinha e açúcar, ela leva canela e baunilha. Há receitas que incluem aveia ou nozes.

Para uma travessa média, faço a farofa com duas colheres de sopa cheias de farinha de trigo, uma colher e meia de sopa de açúcar, uma colher e meia de sopa de manteiga, meia colher de chá de canela e uma colher de chá de açúcar baunilha. Basta misturar os ingredientes com as mãos. A massa fica com consistência quebradiça e pode ser facilmente despedaçada sobre as frutas. Cuidado para não errar na quantidade de manteiga, que pode fazer sua farofa derreter (já aconteceu comigo!).

Para as frutas, basta usar o que tem em casa e, muitas vezes, salvar as que já estão maduras demais para serem comidas frescas. Eu costumo assar o crumble no forno elétrico por cerca de 20 minutos, com o calor vindo de cima e de baixo. Assim, as frutas cozinham – soltando água e formando uma calda, mas mantendo-se um pouco firmes –, enquanto a farofa doura.

Adoro sobremesas que unem quente e frio, como petit gateau com sorvete ou apfelstrudel com sorvete, e talvez esse seja um dos motivos por que me apaixonei pelo crumble. Ele fica delicioso com sorvete, creme ou calda de baunilha. Uma sobremesa leve e pouco doce, que sempre cai bem. E aqui em casa, confesso que já até substituiu o jantar.

Já que a sobremesa é uma especialidade britânica, aqui vão mais duas receitas do inglês Jamie Oliver, uma de crumble de maçã, com aveia, e outra do que ele chama do melhor crumble de frutas de todos os tempos, com gengibre e pera. Quero provar!

Meu crumble de maçã

Queen of Tarts

9 Jun

Foto: Luisa FreyThink tarts and treats. Smell coffee grinds and fresh tea. Fine china teacups, mismatched saucers. A hint of glam with the comfort of granny’s.” Diz um quadro na parede do Queen of Tarts, o café mais irresistível de Dublin – irresistível para o estômago e para os olhos.

A fachada vermelha com vasos de flores pendurados no alto e vários reconhecimentos do guia Bridgestone é um convite para entrar. As mesas de madeira e as almofadas sobre os bancos, um convite para sentar. O bule de ágata vermelho e as xícaras floridas sobre as mesas, um convite para um chá preto – pingado de leite, claro.  E a vitrine de bolos e tortas, um convite para a indecisão.

Foto: Luisa FreyDos simples brownies ou scones quentinhos, acompanhados de manteiga e geleia, aos imponentes chocolate fudge cake e sponge cake. A escolha é difícil, mas a experiência invariavelmente deliciosa. Pelo menos as minhas por lá assim o foram. Desde que fui a Dublin pela primeira vez (e quem diria que a vida me levaria mais vezes para lá), o Queen of Tarts virou parada obrigatória.

Desta vez repeti a pedida da primeira vez: strawberry and rhubarb crumble. A massa fina é coberta com muita fruta e uma farofa de cuca saborosa e crocante. O doce da farofa balanceia o azedinho do morango e do ruibarbo. E a porção de chantilly frio intensifica o gosto e a textura da torta quentinha. Ainda posso sentir o sabor e o perfume…

Acho que a primeira vez em que tomei chá com leite foi no Queen of Tarts. E não é que o costume inglês é gostoso? Para mim, combina tão bem com as tortas e bolos quanto o café Lavazza fresquinho servido no local.

Também já provei o crumble – doce de origem britânica, assim como a maioria dos quitutes servidos por ali – de maçã e amora. A maçã quente faz lembrar um apfelstrudel. Do meu acompanhante, biquei um pedaço da tortinha de pera e amêndoa – muito leve e saborosa. Mas, servida fria, fica longe de mais uma experiência quente: pecan and chocolate pie. Eu adoro noz pecan, me faz lembrar de uma receita norte-americana preparada pela minha mãe, com xarope de milho caramelizado e as nozes da enorme árvore em nosso jardim. Mas a versão com chocolate – com massa semelhante à do brownie – também é incrível.

Foto: Luisa Frey

O Queen of Tarts foi aberto em 1998, pelas irmãs irlandesas Regina e Yvonne, formadas em confeitaria em Nova York. Além da bela decoração retrô, as duas estabeleceram um padrão de qualidade que pode ter contribuído para o sucesso do negócio no centro de Dublin. O chocolate utilizado é belga, da marca Callebaut. As maçãs, produzidas na Irlanda. As sopas, feitas no próprio dia. Sim, além de doces, a casa serve sopas, sanduíches e tortas salgadas – com recheios como o de brie, espinafre e pecan. Para acompanhar a refeição, há vinhos franceses e italianos.

Foto: Luisa Frey

Há também um menu de café da manhã – servido das 8h às 12h durante a semana; das 10h às 13h aos sábados e das 10h às 14h aos domingos. As opções vão de salada de frutas ao hearty breakfast: salsicha, bacon, ovos, batata, tomate, relish, torradas, chá ou café. Você também pode levar as delícias para casa, assim como aventais e canecas vendidos no local.

Assim como eu, muitos outros turistas gourmets se encantaram pelo Queen of Tarts. No Tripadvisor, o café é altamente recomendado. No Foursquare, o local tem 1685 check-ins e 152 fotos.

Ainda quero voltar para tirar mais fotos, provar um cheesecake, um scone ou repetir a dose do crumble. E, quem sabe, me inspirar para um dia abrir um café tão charmoso quanto esse.

Queen of Tarts

Dame Street, Dublin 2, Ireland
Tel:+353(01) 633 4681
Segunda à sexta: das 8h às 19h
Sábado: das 9h às 19h
Domingo: das 10 às 18h
http://www.queenoftarts.ie/

Foto: Luisa Frey

Foto: Luisa Frey

Foto: Luisa Frey